30 anos após ser comprovada, a dobra espacial continua distante da realidade

Mar 22, 2025 - 17:00
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30 anos após ser comprovada, a dobra espacial continua distante da realidade

O físico teórico Miguel Alcubierre foi o primeiro a utilizar matemática para testar se a dobra espacial, conceito vindo de seus programas favoritos de ficção científica, era possível. Ele conseguiu provar a possibilidade do fenômeno com o uso da base teórica da relatividade geral e publicou um artigo demonstrando o feito em 1994. Porém, 30 anos depois, ainda restam dúvidas na comunidade cientifica sobre como isso realmente funcionaria.

A impossibilidade de se viajar mais rápido do que a luz é uma restrição que só se aplica a medições locais. É possível manipular o tecido do espaço-tempo para que um objeto acelere além desse limite.

A expansão do universo, por exemplo, separa galáxias numa velocidade maior. Mas, como cada uma delas está em repouso em seu local no espaço, não quebram as leis da física.

Modelo de dobra espacial proposto pelo Alcubierre.
Ilustração do modelo de dobra espacial proposto por Alcubierre. (Imagem: AllenMcC. / Wikimedia Commons)

Alcubierre teve um ideia ao observar esse fenômeno. Ele projetou uma dobra espacial que precisaria de uma região perfeitamente plana na malha espacial e manipularia esse tecido numa configuração específica.

“Por meio de uma expansão puramente local do espaço-tempo atrás da nave espacial e uma contração oposta na frente dela, é possível um movimento mais rápido que a velocidade da luz, conforme visto por observadores fora da região perturbada”, explica o físico.

Essa quebra permitiria que a espaçonave pudesse se mover na velocidade que quiser. Os tripulantes não seriam afetados e, em sua perspectiva, não estariam se movendo. Pelo contrário, seu destino simplesmente se aproximaria.

Uma esperança para a dobra

No entanto, o trabalho de Alcubierre tem um grande problema. Para manipular o espaço-tempo nesse formato especifico, seria necessário massa negativa, o que, até o momento, não existe no universo e violaria os conhecimentos físicos atuais.

Mas, há esperança, pois existe a energia negativa. Se duas placas de metal forem mantidas muito próximas, os campos quânticos dentro delas serão restritos, podendo ter apenas certos comprimentos de onda permitidos. Essa limitação é conhecida como efeito Casimir e resulta numa força atrativa entre as chapas e uma região de energia negativa.

Porém, o uso desse material exótico continua em debate. Questões sobre a gravidade quântica ainda estão em aberto para explicar essa nova energia, que pode não funcionar para a dobra espacial.

Perspectiva em duas dimensões de como seria uma nave dobrando o espaço.
Perspectiva em duas dimensões de como seria uma nave dobrando o espaço. (Imagem: Trekky0623 / Wikimemdia Commons)

Versões melhores

Um modelo posterior feito pelo físico Chris Broeck aprimorou o trabalho de Alcubierre. Seria uma versão com um pequeno “pescoço”  na frente fazendo o trabalho de comprimir o espaço e depois enveloparia o resto da nave. Isso minimiza a chance de falhas quânticas e barateia o custo, sendo necessária apenas a energia negativa de uma estrela para realizar a dobra.

Além de conseguir um combustível negativo, há mais um impasse para a viagem cósmica em alta aceleração. Assim que a nave começar a se mover, a massa negativa começará a fluir imediatamente para fora da borda da “bolha” a uma velocidade mais rápida que a da luz. A matéria exótica que mantém a dobra não consegue acompanhá-la e então, ela simplesmente se despedaça.

Mesmo com todas as tentativas, motores de dobra ainda estão longe de serem obras realizáveis pela engenharia. Contudo, os físicos não deixarão de se aventurar na matemática para buscar um jeito de criar esse feito digno de cinema.

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