Anomalia magnética da Terra pode colocar tecnologia espacial em risco

Uma extensa região de baixa intensidade magnética sobre a Terra vem preocupando cientistas da NASA. Chamada de Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), essa zona enfraquecida no campo magnético da planeta que se estende da América do Sul – pegando parte do Brasil – ao sudoeste da África, é descrita como um “amassado” no escudo magnético terrestre e tem implicado riscos para satélites e espaçonaves em órbita.
Na superfície, a anomalia não afeta diretamente a vida cotidiana, mas no espaço os impactos são significativos. Satélites que passam por essa região ficam vulneráveis à radiação solar. A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, atravessa a AMAS regularmente, exigindo precauções para evitar danos aos seus sistemas.
Quando um satélite cruza essa zona, ele pode ser atingido por partículas de alta energia vindas do Sol. Isso pode causar falhas temporárias, perda de dados ou danos permanentes aos equipamentos. Para minimizar riscos, operadores costumam desligar sistemas sensíveis antes de as espaçonaves entrarem na região.
Apesar dos desafios, cientistas enxergam a AMAS como uma oportunidade para estudar o campo magnético da Terra. Em um comunicado, Terry Sabaka, geofísico do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, explica que o campo magnético resulta de uma sobreposição de diversas fontes e varia ao longo do tempo.
Leia mais:
- O que está causando a anomalia magnética em cima do Brasil? Físico responde
- Grande anomalia magnética é descoberta em lago lendário na Nova Zelândia
- Tijolos antigos revelam que campo magnético da Terra sofreu anomalia há três mil anos
Pesquisadores sugerem que a anomalia tem relação com o movimento do ferro líquido no núcleo externo da Terra. Esse fluxo gera correntes elétricas que moldam o campo magnético do planeta, mas nem sempre de forma uniforme.
Um fator adicional pode ser uma imensa massa de rocha densa, localizada a cerca de 2.900 quilômetros abaixo da África. Conhecida como Província Africana de Grande Velocidade de Cisalhamento Baixo, essa estrutura pode interferir na formação do campo magnético terrestre.
Brasileiros descobrem que anomalia magnética tem mais de 10 milhões de anos
Outro aspecto intrigante da AMAS é sua evolução ao longo do tempo. Estudos indicam que a anomalia está se deslocando para o oeste. Em um estudo de 2020, cientistas descobriram que a região de menor intensidade magnética estava se dividindo em duas áreas distintas, sugerindo um processo mais complexo do que se pensava.
Um estudo brasileiro de novembro de 2024 sugere que variações semelhantes no campo magnético terrestre ocorreram há 10 milhões de anos (saiba mais detalhes aqui). Isso contradiz a ideia de que a AMAS tenha relação com uma reversão iminente dos polos magnéticos, evento que ocorre em intervalos de centenas de milhares de anos.
Mais recentemente, cientistas observaram que a anomalia também influencia a formação de auroras. Com tantas questões em aberto, o monitoramento constante é essencial. Segundo Sabaka, entender como a AMAS se transforma ao longo do tempo ajuda a aprimorar previsões e proteger a tecnologia espacial.
O post Anomalia magnética da Terra pode colocar tecnologia espacial em risco apareceu primeiro em Olhar Digital.
Qual é a sua reação?






