Celeiro do espaço: Brasil pode ter importante papel na exploração da Lua

Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (14) – que você confere aqui – falou sobre como será a participação do Brasil no Programa Artemis, da NASA, que vai levar a humanidade de volta à Lua.
Uma parceira entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) está desenvolvendo métodos para a agricultura lunar, que pode transformar o Brasil no “celeiro do espaço”.
A edição mais recente do Olhar Espacial contou com a presença da astrobióloga Rebeca Gonçalves. Em entrevista ao apresentador Marcelo Zurita, a pesquisadora falou sobre a função do Brasil no desenvolvimento de uma base na Lua e os desafios que os cientistas têm enfrentado para plantar alimentos em solo lunar, que vçao desde a falta de nutrientes até a diferença de gravidade.
Em 1969, a humanidade levou os primeiros homens para a Lua com a missão Apollo. Agora, com planos para o primeiro lançamento tripulado em 2026, a missão Artemis 3 pretende enviar a primeira mulher e o primeiro homem negro até a superfície lunar.
Para realizar esse feito cientifico e tecnológico, foi necessário um acordo internacional mediado pela NASA. Até o momento, pesquisadores e líderes de 53 países assinaram o documento para definir quais serão os deveres e direitos das nações na conquista da Lua, além de estabelecerem suas funções no desenvolvimento da base lunar.

Brasil quer ser “celeiro do espaço”
O Brasil escolheu focar na elaboração de uma agricultura espacial, com o fim de assegurar a segurança alimentar dos astronautas. Para isso, a Embrapa e a AEB fizeram uma parceria chamada Space Farming Brazil, que reúne cientistas nacionais para realizar o projeto, sendo Rebeca uma das participantes.
Segundo a pesquisadora, a equipe está começando do zero. O sistema agrícola que funcionará em solo lunar precisa ser autossuficiente e sustentável, além de seguir os seguintes requisitos:
- Resistência a radiação
- Alta produtividade em pouco tempo
- Ter plantas compactas
- As espécies têm que compor uma dieta completa
Um aspecto que o grupo cientifico terá que levar em conta é a função cultural da comida. “É importante que essa comida seja muito bem aceita culturalmente pelos astronautas”, disse Rebeca.

A proteína na dieta lunar terá que ser inicialmente vegetal. Depois, peixes poderão ser introduzidos por meio da técnica da aquaponia, em que convivem com as plantas produzindo nutrientes e tendo sua água filtrada pelos vegetais.
Outra opção, conforme destacou Rebeca, é a produção de proteínas em laboratório. De acordo com a astrobióloga, há a possibilidade de que elas sejam feitas por impressora 3D ou cultura celular.
Será preciso a adaptação do solo lunar. Após uma primeira geração de plantas cultivadas com fertilizantes terrestres, a ideia é regenerar o regolito por meio da adição dos restos orgânicos ao solo, que ficará cada vez mais fértil e nutritivo com o passar do tempo.
Levar alimentos seria inviável financeiramente. “Hoje, para levar um quilo de qualquer coisa para a Lua, custa um milhão de dólares”, diz a pesquisadora.
Exploração espacial beneficia a economia
Zurita e Rebeca esclareceram que os investimentos na indústria e pesquisas espaciais têm retornos para a população terrestre. “Todo investimento em tecnologia espacial precisa ter um retorno para o cidadão, para os moradores da Terra”, explicou o apresentador.
Segundo a convidada, cada um dólar investido no programa Apollo fazia sete dólares serem injetados na economia por meio de novas tecnologias. Atualmente, cada um dólar aplicado na exploração do espaço gera o retorno de quarenta dólares no mundo econômico por meio de novidades cientificas.
A iniciativa privada tem se destacado no mercado espacial em uma nova tendência chamada New Space. “Hoje nós temos mais de 10 mil start-ups que já fazem parte da malha econômica do setor espacial”, disse Rebeca.
Simuladores ajudam nas pesquisas
Os estudos e experimentos para a plantação em solo lunar acontece em simuladores feitos na Terra. A NASA utiliza o material coletado pelos rovers na Lua e em Marte para desenvolver compostos terrosos similares ao terreno desses outros astros.
Pesquisadores do mundo todo utilizam essa tecnologia para realizar experimentos com foco em agricultura espacial. “O simulador de regolito lunar e marciano é uma réplica quase perfeita, cerca de 99% similar”, explica a astrobióloga.

Gravidade lunar será desafiadora?
A gravidade na Lua é equivalente a um sexto (em torno de 16,7%) da terrestre. Essa diferença pode parecer um obstáculo ao crescimento das plantas em solo lunar, mas os vegetais cultivados no espaço já enfrentaram ambientes mais complicados.
Na Estação Espacial internacional, em gravidade zero, nós já conseguimos cultivar mais de 20 espécies de plantas. Rebeca Gonçalves, astrobióloga do projeto Space Farming Brasil
Os astronautas comeram os alimentos que cresceram na ISS. Eles são seguros e não causaram mal aos seus consumidores. Segundo a astrobióloga, os vegetais não terão tantos problemas com a força gravitacional da Lua.
Para o futuro, a nação brasileira tem capacidade de ser referência na agricultura espacial, assim como é na Terra. “O Brasil tem tudo para se inserir nessa comunidade internacional que está seriamente comprometida em ir para a Lua”, conclui a pesquisadora.
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