Convocação de Dario para a Copa de 70 foi uma das grandes polêmicas da época
A seleção já estava classificada para a Copa de 1970 quando uma polêmica envolveu o então técnico João Saldanha, a cúpula da CBD (atual CBF) e o regime militar brasileiro. No último amistoso de 1969, em 3 de setembro, a equipe nacional perdeu para o Atlético-MG, por 2 a 1, no Mineirão. Os jogadores atleticanos vestiram a camisa da seleção mineira naquele dia e um dos gols foi marcado por Dario, o folclórico “Dadá Maravilha”.
Já em 24 de setembro, Tostão sofreu um descolamento de retina em uma partida do Cruzeiro contra o Corinthians, no Pacaembu. Depois de uma cirurgia em Houston, nos Estados Unidos, ele começou a lutar como ninguém para se recuperar e jogar a Copa. Mas a imprensa, desde a contusão, já especulava sobre nomes que eventualmente pudessem substituir Tostão, e Dario, claro, foi um deles. Entretanto, João Saldanha não o convocou para a Copa, no México.
Desde a derrota para o Atlético-MG, começou a circular a informação que o presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, teria declarado que gostaria de ver Dario no elenco. Não existe registro sonoro que comprove isso. Médici pode até ter dado a declaração a interlocutores que, interessados em prejudicar João Saldanha, começaram a propagar a informação.
A reação do treinador à suposta fala do presidente é até hoje repetida pela imprensa quando se discute a demissão de João Saldanha. O primeiro amistoso da seleção naquele ano de 1970 foi disputado em 4 de março e o resultado não poderia ter sido pior: 2 a 0 para a Argentina, em Porto Alegre. Antes do jogo no Beira Rio, Saldanha foi questionado por um repórter:
Repórter: “O presidente Garrastazu Médici está no Rio Grande do Sul e ele parece que havia sugerido o nome de Dario para ser convocado. O que você acha da sugestão do presidente?”
Saldanha: “O Brasil tem 80 ou 90 milhões de torcedores, de gente que gosta de futebol. É um direito que todos têm. Aliás, eu e o presidente, ou o presidente e eu, temos muitas coisas em comum. Somos gaúchos, somos gremistas, gostamos de futebol e nem eu escalo o ministério e nem o presidente escala time. Você está vendo que nós nos entendemos muito bem”.
O fato é que por inúmeros motivos João Saldanha, comunista de carteirinha, foi demitido, e a CBD convidou Mário Jorge Lobo Zagallo para comandar a seleção. O treinador, que era mais alinhado ao establishment, resolveu, então, convocar Dario para o Mundial. Em seu livro de memórias, “Lições da Copa”, Zagallo nega que tenha chamado o jogador com o objetivo de agradar os militares e frisa que o atleta não entrou em campo em nenhum momento da competição (ficou no banco de reservas apenas no jogo contra a Romênia). De qualquer maneira, aquela polêmica sempre rondou o técnico brasileiro.
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