Futuro está na energia oceânica – solução sustentável já é realidade em vários países

Em 2024, a ciência confirmou que a temperatura média da Terra ultrapassou 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. O dado reforça um alerta: sem mudanças drásticas, o Acordo de Paris será apenas uma promessa vazia diante da crise climática.
Sobre Acordo de Paris:
- Estabelecido em 2015, entrando em vigor em 2016, o Acordo de Paris busca limitar o aquecimento global a menos de 2°C, idealmente 1,5°C;
- Os países signatários definem metas de redução de emissões (NDCs), revisadas a cada cinco anos para maior ambição;
- Nações desenvolvidas financiam ações climáticas em países em desenvolvimento para mitigar impactos;
- Um sistema de transparência monitora os avanços e incentiva a cooperação global;
- Entre os desafios, estão a resistência de alguns países e a transição energética lenta.
Desde os primórdios, o oceano sempre foi essencial para a vida. Há bilhões de anos, as primeiras formas vivas surgiram nas águas, e as cianobactérias deram início à produção de oxigênio.
Atualmente, o mar continua desempenhando um papel vital, gerando mais da metade do oxigênio que respiramos e absorvendo 25% do dióxido de carbono emitido pelo ser humano.

Os oceanos regulam a temperatura do planeta
Os oceanos retêm 90% do calor gerado pelo excesso de gases de efeito estufa, regulando a temperatura do planeta. Esse fenômeno, no entanto, vem cobrando um preço: a superfície oceânica aquece cada vez mais, alterando padrões climáticos e impactando ecossistemas marinhos.
Mas, conforme destaca a colunista Beatriz Mattiuzzo, do Uol, em um texto em colaboração com o Ph.D. em engenharia Flaminio Levy Neto, nem todo esse calor se dissipa de forma homogênea. As camadas mais profundas do oceano permanecem frias, criando um contraste térmico que pode ser explorado para gerar energia limpa. Esse é o princípio da Conversão de Energia Térmica Oceânica (Otec, na sigla em inglês).
A tecnologia se baseia na diferença de temperatura entre a água quente da superfície e a fria das profundezas, geralmente a mais de 800 metros. Para que o processo funcione de forma eficiente, a variação precisa ser de pelo menos 20°C, condição encontrada em diversas regiões tropicais do planeta.
O funcionamento se assemelha ao das termelétricas convencionais, mas sem combustíveis fósseis. Em vez de queimar carvão ou gás, a Otec utiliza o calor da água superficial para evaporar um fluido de baixo ponto de ebulição, como a amônia. Esse vapor movimenta uma turbina geradora de eletricidade antes de ser resfriado e reutilizado no ciclo.

Essa tecnologia não é novidade. Desde os anos 1990, países como Japão, Malásia, Índia e EUA vêm testando e aplicando a Otec, especialmente em ilhas, onde o acesso à eletricidade e à água potável é mais caro e complexo.
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Brasil tem potencial para a Conversão de Energia Térmica Oceânica
Além da produção energética, a Otec pode ser integrada a sistemas de dessalinização, impulsionando a produção de água potável. Também pode beneficiar a aquicultura, ao trazer para a superfície águas profundas ricas em nutrientes, favorecendo a criação de peixes e o cultivo de algas.
No Brasil, há potencial para implantação da tecnologia entre Salvador (BA) e Natal (RN), onde as condições oceânicas são favoráveis. Em Fernando de Noronha (PE), por exemplo, a Otec poderia substituir parte da energia gerada por termelétricas a diesel e contribuir para a autossuficiência hídrica da ilha.
Isoladas do continente, as ilhas servem como microcosmos da Terra, mostrando na prática a importância da gestão eficiente dos recursos naturais. Em vez de buscar soluções bilionárias fora do planeta, como as missões programadas a Marte, talvez a resposta para um futuro sustentável esteja no próprio oceano terrestre.
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