Lagarta carnívora usa tática curiosa para se dar bem na vida selvagem

Um artigo publicado nesta quinta-feira (24) na revista Science relata o comportamento curioso de uma lagarta rara encontrada apenas em uma cordilheira da ilha de O‘ahu, no Havaí. Conhecida como “coletora de ossos”, ela surpreende os cientistas por ser carnívora, canibal e usar partes de insetos mortos como disfarce para caçar.
A espécie foi descoberta por uma equipe de pesquisadores liderada pelo entomologista Daniel Rubinoff, da Universidade do Havaí. Em 20 anos de expedições, apenas 62 exemplares foram encontrados, o que indica que esse animal é extremamente raro e corre risco de extinção.
Diferentemente das lagartas comuns, que se alimentam de folhas, essa espécie se interessa apenas por carne. Ela caça outros insetos, inclusive dentro de teias de aranha, onde rouba presas já capturadas.
O disfarce da lagarta
Para se aproximar sem ser percebida, a lagarta constrói um tipo de casaco com pedaços de corpos de outros insetos, como patas, asas e peles trocadas de aranhas. A estrutura é presa com fios de seda produzidos por ela mesma. O disfarce parece funcionar bem, já que os pesquisadores nunca viram uma dessas lagartas sendo atacada ou envolvida por uma aranha.
Além disso, a lagarta é exigente: quando foi testada em laboratório, rejeitou pedaços de folhas, cascas e galhos. Ela só aceitava restos de outros insetos para montar seu abrigo móvel. Quando não havia material adequado, preferia ficar sem proteção.
Outro fato curioso é que, se colocadas no mesmo espaço, essas lagartas podem atacar umas às outras. Um dos registros mostra uma delas destruindo o casulo de outra para se alimentar de seu corpo. Isso indica que provavelmente vivem sozinhas, uma por teia, para evitar conflitos e competição por comida.
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Medidas de conservação exigem urgência
A espécie pertence ao gênero Hyposmocoma, exclusivo do Havaí, e provavelmente surgiu entre nove e 15 milhões de anos atrás. Isso significa que ela é mais antiga do que a própria ilha de O‘ahu, sugerindo que no passado era mais comum e amplamente distribuída.
Hoje, no entanto, sua presença está restrita a uma área muito pequena, de apenas 15 quilômetros quadrados, em uma floresta isolada. Essa limitação, somada ao impacto crescente de espécies invasoras e às mudanças no ambiente, coloca a lagarta em uma posição delicada.
Os autores do estudo defendem medidas urgentes para conservar esse animal. Sua forma de vida incomum – um caçador disfarçado que sobrevive entre teias de aranha – é única no mundo. Se nada for feito, o bicho “coletor de ossos” pode desaparecer antes que possamos entender completamente sua biologia e seu papel no ecossistema.
Essa pesquisa reforça a importância de preservar áreas naturais e investigar espécies pouco conhecidas. Mesmo em locais isolados, a natureza ainda guarda criaturas surpreendentes, com comportamentos raros – e muito criativos!
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