Número de mortes por Covid no Brasil ainda é alto e se equipara à queda de 6 Boeings em 2025

Mar 12, 2025 - 09:00
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Número de mortes por Covid no Brasil ainda é alto e se equipara à queda de 6 Boeings em 2025

FOLHAPRESS) - Cinco anos após o início da pandemia de Covid, o Brasil ainda registra um índice alto de mortes pela doença.

 

De janeiro a 1º de março de 2025, a Covid matou 761 pessoas no país. É o que mostram os dados do Ministério da Saúde analisados pela plataforma SP Covid Info Tracker.

O número equivale à queda de seis Boeings 737-700, em média. A aeronave possui 126 assentos.

São 13 mortes por dia e 89 por semana. O dado é 57,46% menor se comparado ao total do mesmo período do ano passado, quando houve 1.789 mortes -cerca de 30 por dia e 209 por semana.

Em São Paulo, o cenário segue a mesma tendência. Em 2025, até 1º de março, foram 262 mortes -como se dois desses Boeings tivessem caído no estado.

Total (até 1º de março) - Brasil - Mortes diárias - Por semana
2024 - 1.789 - 30 - 209
2025 - 761 - 13 - 89

Total (até 1º de março) - SP - Mortes diárias - Por semana
2024 - 460 - 8 - 53
2025 - 262 - 4 - 31

São cerca de quatro óbitos diários e 31 por semana. O número é 43,04% menor se comparado ao total do mesmo período de 2024, quando foram registrados 460 mortes -oito por dia e 53 por semana. Os dados do estado de São Paulo são da Fundação Seade.

Ao observar as nove últimas semanas epidemiológicas de 2024 e as nove iniciais de 2025, é possível constatar um aumento de 21% nas mortes ocorridas no Brasil. O percentual sobe para 58 quando é considerado apenas o estado de São Paulo.

Semanas epidemiológicas (Brasil) - Período - Total - % Variação
44 a 52 - 27/10/2024 a 28/12/2024 - 631 -
1 a 9 - 29/12/2024 a 01/03/2025 - 761 - 21

Semanas epidemiológicas (SP) - Período - Total - % Variação
44 a 52 - 27/10/2024 a 28/12/2024 - 197 -
1 a 9 - 29/12/2024 a 01/03/2025 - 311 - 58

De 2020 até 1º de março de 2025, o país já registrou 715.295 mortes por Covid. A primeira vítima da doença foi a diarista Rosana Urbano, 57. Um dia antes do óbito, ela visitou a mãe, Gertrudes, internada com pneumonia no Hospital Municipal Doutor Cármino Caricchio, no Tatuapé, zona leste da capital paulista.
Quando soube que a mãe estava intubada, a diarista passou mal e foi internada no mesmo local. Morreu às 19h15 do dia 12 de março de 2020, após uma parada cardiorrespiratória. Ela tinha diabetes e hipertensão.

Para Wallace Casaca, coordenador da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, a doença continua perigosa. Os números estão altos e a expectativa é de aumento.

"Não é possível fazer comparações com o início da pandemia, quando não tínhamos nenhuma arma para nos proteger contra a doença. No entanto, é possível afirmar que esses números são elevados. Se você pegar o dado semanal de 2025, o número de óbitos pela doença é quase o equivalente ao que morre na queda de um avião de médio porte", diz Casaca.

"No ano passado, a maior parte dos óbitos ocorreu nos primeiros três meses, um período normalmente com pouca circulação de vírus respiratórios, mas marcado por festas, como a virada de ano e o Carnaval, além da presença de uma subvariante muito agressiva no Brasil, o que também foi relevante", afirma o pesquisador.

Renato Grinbaum, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) ressalta os grupos vulneráveis correm maior risco. São os maiores de 60 anos, doentes crônicos, cardíacos e imunodeprimidos. Para os demais, com o esquema vacinal completo, a probabilidade de evoluir para a gravidade e morte é baixa.

"Como nós já tivemos vacinação prévia e episódios prévios do coronavírus, criamos uma imunidade que faz com que os episódios subsequentes sejam mais leves. Hoje, encontramos todos os dias com pessoas com Covid e que são formas mais leves porque o sistema imune já está preparado e conhece previamente o vírus", explica Grinbaum.

2024 - Total - Mortes diárias - Por semana
Brasil - 5.959 - 16 - 114
SP - 2.015 - 6 - 39

"O importante é a proteção dos vulneráveis. Se você tem um familiar ou um conhecido idoso ou vulnerável, você não vai, com resfriado, procurar essa pessoa por mais amiga que ela seja. Você terá que higienizar as mãos, usar máscara perto dela. Tem que ter um cuidado especial", diz o infectologista da SBI.

Na opinião de André Bon, infectologista do Hospital Nove de Julho, a doença não mudou em relação a 2020, quando surgiu. A diferença é o arsenal terapêutico para tratar e prevenir.

"O que mudou de maneira significativa é o nosso acesso e a disponibilidade de ferramentas de prevenção como vacinas que são atualizadas periodicamente com as cepas circulantes. Temos acesso a medicações, inclusive, através do SUS, para tratamento de Covid leve e moderada, e também para a Covid grave -essas não no SUS, mas amplamente através da rede privada", afirma Bon.

"Os fatores de risco para desenvolvimento e evolução para formas graves nas pessoas não vacinadas continua exatamente igual a 2020. O número de óbitos no Brasil ainda é alto, mas é muito melhor do que poderia ser se a gente não tivesse vacina e tratamento", reforça.

Estar com o esquema vacinal em dia, com os imunizantes mais recentes, é essencial para evitar complicações e mortes, segundo Bon.

"O que sabemos de evidência é que quem está vacinado com bivalentes, por exemplo, que são as vacinas mais recentes, tem metade da chance de morrer de Covid do que as pessoas que tomaram só as vacinas monovalentes, mais antigas", explica o infectologista do Hospital Nove de Julho.

André Bon reforça que as comorbidades são importantes, mas o principal fator de risco para óbito na Covid é a idade, em especial, acima de 80 anos. Mas a cada década acima dos 50, o risco aumenta de maneira significativa. "A estimativa é que o risco de óbito de um paciente acima de 85 anos seja 340 vezes maior do que quem tem de 18 a 29 anos", afirma.

A Covid não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional desde 5 de março de 2023, pouco mais de três anos do seu início. A pandemia foi declarada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no dia 11 de março de 2020.

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