Por que astronautas adoecem ao voltar à Terra? Entenda a relação de doenças com a órbita espacial

Mar 22, 2025 - 20:30
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Por que astronautas adoecem ao voltar à Terra? Entenda a relação de doenças com a órbita espacial

A humanidade está expandindo sua presença no espaço como nunca antes. Com missões tripuladas de longa duração na Estação Espacial Internacional e planos ambiciosos para enviar astronautas à Lua e a Marte, estamos entrando em uma nova era de exploração.

No entanto, essa expansão traz desafios significativos, já que astronautas adoecem no espaço e ao retornar à Terra, enfrentando impactos fisiológicos e adaptações necessárias para sobreviver fora do ambiente terrestre. Mesmo com avanços científicos e tecnológicos, viver além da Terra ainda apresenta riscos para o corpo humano, algo que, até poucas décadas atrás, parecia restrito à ficção científica.

No entanto, essa jornada não está isenta de desafios. O corpo humano evoluiu para sobreviver na gravidade terrestre, e viver em um ambiente de microgravidade pode ter impactos profundos na saúde.

Desde a perda de massa óssea e muscular até mudanças no sistema imunológico e cardiovascular, a ausência prolongada da gravidade impõe riscos que os cientistas ainda estão tentando compreender completamente.

Duas missões da SpaceX estão programdas para levar astronautas à estação espacial em 2025. Novo voo da Boeing Starliner é incerto. Crédito: Sdecoret – Shutterstock

O que acontece com os astronautas ao voltar para a Terra?

O retorno à Terra, por sua vez, pode ser tão desafiador quanto a estadia no espaço, exigindo uma readaptação fisiológica que pode levar semanas ou até meses.

Após passarem longos períodos no espaço, os astronautas frequentemente enfrentam desafios físicos e psicológicos ao retornar à Terra. Embora nem todos desenvolvam problemas graves, é comum que apresentem alterações no organismo devido à exposição prolongada à microgravidade e ao ambiente espacial.

Recentemente, dois astronautas da NASA voltaram após nove meses na Estação Espacial Internacional, período significativamente maior do que o planejado. Mas será que o corpo humano consegue se adaptar facilmente ao retorno?

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Por que astronautas adoecem ao voltar à Terra?

A microgravidade provoca diversas mudanças no corpo humano, impactando órgãos e sistemas essenciais. Algumas dessas alterações podem ser temporárias, como tontura ou desorientação nos primeiros dias após o retorno, enquanto outras podem trazer consequências a longo prazo, exigindo meses de reabilitação. Isso ajuda a explicar por que astronautas adoecem no espaço e ao voltar à Terra, mesmo quando todas as medidas preventivas são tomadas.

A ausência de gravidade afeta o equilíbrio, a circulação sanguínea, o sistema imunológico e até a estrutura dos ossos e músculos. Além disso, o confinamento prolongado, a exposição à radiação e a alteração na microbiota corporal contribuem para uma série de sintomas físicos e emocionais.

A adaptação ao espaço e a readaptação à gravidade da Terra exigem muito do corpo humano, revelando que ainda estamos aprendendo a viver longe do planeta onde evoluímos.

Redistribuição de fluidos corporais

Na ausência de gravidade, os líquidos do corpo, que normalmente se acumulam na parte inferior, deslocam-se para a parte superior. Isso causa inchaço facial, sensação de congestão e aumento da pressão intracraniana, podendo afetar a visão. Essa condição é chamada de Síndrome Neuro-Ocular Associada ao Voo Espacial e pode levar a problemas de longo prazo na retina e no nervo óptico.

Perda de massa óssea e muscular

Sem a necessidade de sustentar o peso do corpo, a musculatura se atrofia e os ossos perdem densidade. Estudos mostram que astronautas podem perder até 1,5% da densidade óssea por mês no espaço, aumentando o risco de osteoporose e fraturas ao retornarem. O processo de reabilitação pode levar meses até que a força muscular e a densidade óssea se recuperem.

Astronautas vendo uma planta em crescer na Lua
(Imagem: gorodenkoff/iStock)

Alterações cardiovasculares

No espaço, o coração trabalha com menos esforço, pois a circulação não é afetada pela gravidade. Isso pode levar a uma redução do volume sanguíneo e da pressão arterial. Quando o astronauta volta à Terra, seu sistema cardiovascular precisa se reajustar, o que pode causar tonturas e desmaios ao ficar em pé.

Efeitos no sistema imunológico

A exposição prolongada ao ambiente fechado da Estação Espacial Internacional pode comprometer a resposta imunológica, tornando os astronautas mais vulneráveis a infecções. Além disso, a radiação espacial pode causar mutações celulares, aumentando os riscos de doenças degenerativas e até mesmo câncer a longo prazo.

Problemas psicológicos

O confinamento, o isolamento e a distância da família podem afetar a saúde mental dos astronautas. A monotonia alimentar e a falta de contato com a natureza também contribuem para o estresse e a fadiga mental. Alguns astronautas relatam dificuldades de readaptação social após longas missões.

Reaprendendo atividades cotidianas na Terra

Astronautas da Expedição 69 da Estação Espacial Internacional sendo recebidos na Terra após 371 dias de missão. Crédito: NASA/Bill Ingalls

Após meses em órbita, até mesmo tarefas simples, como andar e segurar objetos, podem se tornar desafiadoras. O sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio, se desacostuma à gravidade, tornando os primeiros dias de volta à Terra uma experiência de readaptação.

Essa fase inicial costuma ser especialmente delicada, o que reforça por que tantos astronautas adoecem no espaço e ao retornar à Terra, lidando com sintomas físicos inesperados mesmo nas ações mais cotidianas.

Além disso, o sistema digestivo também precisa se ajustar. A alimentação no espaço é diferente, e a forma como o corpo processa os alimentos muda. Isso pode causar desconforto gastrointestinal, alterações no apetite e até intolerâncias temporárias, exigindo um acompanhamento nutricional cuidadoso nos primeiros dias pós-missão.

Alterações menores podem ser consideradas doenças?

Inflamações, irritações e desconfortos são comuns no retorno à Terra, mas nem sempre são classificados como doenças. No entanto, se essas condições causam impacto na qualidade de vida ou levam a complicações, podem ser diagnosticadas como enfermidades.

Por exemplo, a perda de densidade óssea pode evoluir para osteoporose, uma doença crônica. Da mesma forma, problemas visuais decorrentes da redistribuição de fluidos podem ser permanentes, exigindo acompanhamento médico contínuo.

Com informações de NASA e Science.

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