Dólar despenca e Bolsa tem forte alta com possível alívio na guerra entre EUA e China

Abr 22, 2025 - 18:30
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Dólar despenca e Bolsa tem forte alta com possível alívio na guerra entre EUA e China

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar apresenta forte queda nesta nesta terça-feira (22), volta do feriado prolongado no Brasil.

 

Os investidores repercutem notícias sobre um possível arrefecimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, bem como ataques do presidente Donald Trump ao dirigente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Jerome Powell.

Às 15h57, a moeda caía 1,49%, cotada a R$ 5,720. Já a Bolsa subia 0,92%, a 130.847 pontos, seguindo os índices do exterior.

As negociações nesta tarde ganharam um novo impulso. Segundo reportagem da agência Bloomberg, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que o impasse tarifário com a China não é sustentável e que ambas as economias terão que encontrar maneiras de diminuir a tensão comercial.

O comentário foi feito em uma cúpula de investidores a portas fechadas organizada pelo JPMorgan Chase, sem presença de público ou membros da imprensa.

A desescalada vai acontecer em um futuro muito próximo, segundo Bessent. Ele caracterizou a situação atual como um embargo comercial, segundo pessoas presentes na sessão, e disse que o objetivo dos EUA não é se desvincular da China.

As duas maiores economias do mundo estão em cabo de guerra desde 2 de abril, quando Trump anunciou tarifas "recíprocas" aos parceiros comerciais dos EUA. Com contra-ataques de ambos os lados, as taxas impostas a produtos chineses chegaram até 145%, e a aplicada aos produtos norte-americanos pela China bateu 125%.

Um acordo abrangente entre os dois países pode levar mais tempo, algo em torno de dois a três anos, mas Bessent expressou otimismo ao dizer que as tensões podem diminuir nos próximos meses e, assim, trazer alívio aos mercados.

Um porta-voz do Departamento do Tesouro não quis comentar. Mas Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, afirmou nesta tarde que as negociações com a China estão indo bem.

"Perguntei ao presidente sobre isso antes de vir para cá, e ele quis que eu compartilhasse com todos vocês que estamos indo muito bem em relação a um possível acordo comercial com a China."

Wall Street decolava em reação à notícia. O S&P500 subia 2,24%, o Nasdaq Composite avançava 2,62% e o Dow Jones tinha alta de 2,5%. O dólar ainda subia 0,57% no índice DXY, a 98,83 pontos, que mede o desempenho da moeda em relação a seis divisas fortes.

Antes, os índices acionários se recuperavam do tombo do dia anterior, feriado de Tiradentes no Brasil. O sobe-e-desce foi provocado por novos ataques de Trump ao presidente do Fed.

Na segunda, Trump escreveu que a economia norte-americana pode passar por uma desaceleração se a taxa de juros não for reduzida imediatamente.

"Com esses custos tendendo tão bem para baixo, exatamente o que eu previ que eles fariam, quase não pode haver inflação, mas pode haver uma DESACELERAÇÃO da economia, a menos que o Sr. Tarde Demais, um grande perdedor, reduza as taxas de juros, AGORA", postou na Truth Social, se referindo a Powell.

A declaração se soma a outras críticas recentes de Trump a Powell, a quem tem ameaçado de demissão por conta da política monetária do Fed. Na sexta-feira, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, chegou a dizer que o desligamento está sendo estudado pela equipe do republicano.

Trump tem criticado Powell repetidamente por não reduzir as taxas de juros com a rapidez que julga adequada. O presidente do Fed, por outro lado, afirmou que nunca será influenciado por pressões políticas e que a autoridade monetária está atenta aos desdobramentos do tarifaço na economia.

Especialistas dão como certo que as sobretaxas de importação aumentarão os preços ao consumidor final, e o Fed tem adotado uma postura de "ver para agir". Como a função dos juros é frear o avanço da inflação, é possível que o banco central mantenha a taxa no atual patamar de 4,25% e 4,5% por mais tempo ou até volte a elevá-la se o repique inflacionário se concretizar.

Mas o temor não é de uma elevação na taxa de juros. "Se tem uma coisa que o mercado não gosta é briga entre o presidente de um país e o presidente do banco central desse país, que, por sinal, é o mais importante do mundo", diz Alison Correia, analista de investimentos e sócio fundador da casa de análise Top Gain.

O mercado tem colocado na ponta do lápis a possibilidade de uma intervenção no banco central, cuja independência é considerada um importante pilar da segurança financeira do país. Temores de uma eventual influência política estão afastando investidores de ativos de lá, sobretudo dólar, títulos do Tesouro e ações em Wall Street, e colocando em xeque a tese de excepcionalismo norte-americano -isto é, de que os EUA são o mercado mais seguro do mundo.

"Remover a independência do Fed seria outro golpe à credibilidade duramente conquistada pelas instituições financeiras dos Estados Unidos", disse Trevor Greetham, chefe de multiativos da Royal London Asset Management.

Já analistas do MUFG disseram que a "venda tripla de dólar, títulos e ações dos EUA destaca que as ameaças à independência do Fed estão minando ainda mais a confiança dos investidores nos ativos americanos".

Os operadores agora estão à procura de investimentos mais seguros. O ouro, por exemplo, atingiu o recorde de US$ 3.500 a onça troy pela primeira vez nesta terça, enquanto o iene japonês alcançou ¥ 140 por dólar, maior patamar desde setembro.

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