Relembre os principais lançamentos espaciais de 2024
O ano que está acabando foi marcado por importantes lançamentos espaciais – como os quatro voos de teste do megafoguete Starship, da SpaceX O post Relembre os principais lançamentos espaciais de 2024 apareceu primeiro em Olhar Digital.
Faltam menos de 48 horas para nos despedirmos de 2024, um ano marcado por avanços significativos na exploração espacial. Entre os lançamentos mais importantes, destacam-se estreias de foguetes e os quatro testes do complexo veicular Starship, da SpaceX, a maior espaçonave já construída pela humanidade.
Um dos episódios mais memoráveis do ano foi a extensão de uma missão tripulada, inicialmente prevista para durar cerca de oito dias, por impressionantes oito meses, resultando na permanência prolongada de dois astronautas da NASA no espaço.
Esses são apenas alguns dos lançamentos mais significativos da corrida espacial neste ano. Confira outros destaques a seguir:
Missões espaciais de destaque em 2024
Observatório Indiano de buracos negros
Ainda era o primeiro dia do ano, quando a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) fez o primeiro lançamento espacial de 2024, colocando em órbita o observatório XpoSat, uma espaçonave desenvolvida para estudar os buracos negros e outros eventos astronômicos.
Foguete Vulcan Centaur
Após vários adiamentos ao longo de cinco anos, o primeiro voo do foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance (ULA), aconteceu no dia 8 de janeiro. Uma das cargas do veículo era o módulo de pouso Peregrine, que representaria o primeiro pouso norte-americano na Lua desde 1972.
No entanto, um vazamento de combustível colocou fim prematuro à missão. A espaçonave “caiu” na Terra dez dias depois, trazendo a bordo os restos mortais cremados de quatro pessoas ligadas à série original “Star Trek”. Um dos contratantes do voo foi a empresa Celestis, especializada em lançamentos espaciais funerários há mais de 25 anos, que encapsulou as cinzas e uma amostra de DNA da atriz Nichelle Nichols, do roteirista e produtor Gene Roddenberry e sua esposa, a atriz Majel Barrett Roddenberry, além do ator James “Scotty” Doohan.
Com 62 metros de altura, o Vulcan Centaur é o sucessor dos foguetes Atlas V e Delta IV da ULA, com uma capacidade avançada de transportar uma carga útil de até 7,7 toneladas para uma órbita geoestacionária da Terra.
Missões lunares
A Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) lançou a missão SLIM (sigla em inglês para “Nave Inteligente para Investigação da Lua”) em 6 de setembro de 2023. A espaçonave pousou no satélite natural da Terra em 19 de janeiro, dentro da cratera Shioli, tornando o Japão o quinto país a conquistar o feito, depois da União Soviética, EUA, China e Índia.
Embora tenha alcançado seu destino com êxito, a sonda enfrentou desafios na geração de energia por conta de problemas nos painéis solares. Além disso, devido a uma anomalia no motor principal, ela acabou pousando de cabeça para baixo.
O módulo de pouso SLIM depositou na Lua dois mini-robôs ejetáveis criados em parceria com a Sony: um veículo saltador e um rover. Em agosto, a NASA oficializou o fim da missão.
Em 15 de fevereiro, houve o lançamento da missão lunar privada IM-1, da Intuitive Machines em parceria com a SpaceX, com o apoio da NASA. Esta espaçonave foi projetada para pousar perto do polo sul da Lua, exigindo condições específicas de iluminação que só estão disponíveis na região por poucos dias a cada mês.
A missão IM-1 pousou com sucesso em solo lunar uma semana depois, marcando o retorno dos EUA à Lua após mais de 50 anos. Além disso, com a falha do módulo de pouso Peregrine, a sonda robótica Nova-C (também chamada de Odysseus) entrou para a história como a primeira espaçonave da iniciativa privada a chegar à superfície da Lua de modo controlado.
Curiosamente, assim como o módulo SLIM, do Japão, a nave Odysseus também tombou após “quebrar uma perna” enquanto pousava em uma cratera erodida chamada Malapert A, perto do polo sul lunar. O fim da missão foi oficialmente decretado em março.
Outra expedição lunar importante lançada este ano foi a missão Chang’e 6, da China, que decolou em maio e pousou em junho, para coletar amostras da bacia do Polo Sul-Aitken (SPA), no lado oculto da Lua.
A cápsula de retorno fez sua descida pela atmosfera terrestre em 25 de junho, pousando na Mongólia Interior e encerrando de forma bem-sucedida a missão de 53 dias, que entregou as primeiras amostras do lado invisível da Lua à Terra.
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Boeing Starliner
Se tem uma missão espacial de 2024 que pode ser chamada de “novela” é a CTF-1 (sigla para Primeiro Voo Tripulado de Teste), estreia da cápsula Starliner, da Boeing, no transporte de astronautas da NASA.
A espaçonave foi lançada em 5 de junho, após uma série de adiamentos. A última suspensão foi em razão de um vazamento de hélio na cápsula. O problema não foi entendido como tão grave, e a missão decolou rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). No entanto, mais vazamentos de hélio foram identificados no trajeto.
A acoplagem também foi problemática: uma anomalia fez cinco dos 28 propulsores do módulo falharem em seu funcionamento, atrasando a ancoragem em mais de uma hora. Devido a todos esses percalços, por questão de segurança, a NASA optou por trazer a cápsula Starliner de volta à Terra para investigação das falhas sem os membros da missão, Sunita Williams e Butch Wilmore.
Em agosto, a agência anunciou que os astronautas vão voltar para casa em fevereiro de 2025, de “carona” com a missão SpaceX Crew-9 – que, justamente por isso, decolou com apenas dois tripulantes e dois simuladores de peso nos assentos vazios em 28 de setembro.
Polaris Dawn
Polaris Dawn foi uma missão espacial tripulada privada (operada pela SpaceX sob contrato com o bilionário Jared Isaacman, fundador do provedor de pagamentos Shift4), lançada em setembro.
O empresário e outras três pessoas passaram cinco dias realizando experimentos científicos na órbita da Terra em uma espaçonave Crew Dragon, com o intuito de arrecadar dinheiro para o Hospital de Pesquisa do Câncer Infantil de St. Jude, em Memphis, nos EUA (mesma instituição apoiada pela missão Inspiration4, também liderada por Isaacman, em 2021).
O voo foi marcado por dois fatos principais. Primeiro, por ter atingido o ponto mais distante da Terra no qual a humanidade já chegou em mais de meio século: cerca de 1.215 km acima da superfície do planeta.
Além disso, a missão de estreia do Programa Polaris (a primeira de três – todas financiadas por Isaacman) realizou a primeira caminhada espacial privada da história.
Quatro voos experimentais do megafoguete Starship
Dando continuidade à sequência de voos de teste do megafoguete Starship (o maior e mais potente do mundo), a SpaceX fez quatro lançamentos este ano – cada um realizando com sucesso uma etapa mais elevada do processo.
O primeiro foi em março, marcando o terceiro voo de teste do foguete. Embora tenha sido destruído, o Starship nunca tinha ido tão longe até então. Apesar do sucesso da decolagem, a equipe perdeu o contato com o veículo pouco antes do horário previsto para o pouso. Já no lançamento seguinte, em junho, o estágio superior pousou no Oceano Índico, e o propulsor, no Golfo do México, conforme planejado.
Indiscutivelmente, no entanto, o voo de teste mais memorável do Starship foi o quinto, que aconteceu em outubro, e será lembrado como o primeiro pouso de captura em torre da história – na ocasião, os braços robóticos da torre Mechazilla, da SpaceX, “agarraram” o propulsor Super Heavy, que, literalmente, voltou de ré do espaço.
Durante o sexto lançamento experimental, ocorrido em 19 de novembro, o plano era repetir o feito com o booster, além de realizar uma manobra inédita: acionar um dos motores Raptor da nave no espaço.
Em comunicado antes do voo, a SpaceX havia dito que se houvesse qualquer impedimento para o pouso na torre, o propulsor seria redirecionado para um mergulho controlado no Golfo do México. E foi o que de fato aconteceu.
No entanto, o segundo estágio conseguiu realizar a queima em órbita com sucesso, finalizando a missão com um mergulho no Oceano Índico, conforme o planejado. Desta vez, a SpaceX adotou um perfil de reentrada mais rigoroso, propositalmente, e retirou mais de 20 mil placas do escudo térmico para avaliar o impacto do calor extremo e a resistência da espaçonave sob condições intensas.
Sonda Hera
Uma missão europeia de defesa planetária também foi lançada em 2024. A sonda Hera decolou no topo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, no dia 7 de outubro, com o objetivo de investigar em detalhes o asteroide Dimorphos, cuja órbita foi alterada em 2022 pelo impacto de uma espaçonave lançada pela NASA, por meio da missão DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo).
Hera vai conduzir pesquisas detalhadas in loco em Dimorphos e seu companheiro maior, Didymos, com foco especial na cratera deixada pela colisão da nave DART e uma medição precisa da massa do asteroide atingido.
A missão conta com uma pequena caixa de 10 cm, que deve entrar para a história como o menor instrumento de radar a ser pilotado no espaço – e o primeiro do tipo a sondar o interior de um asteroide.
Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), os dados da missão Hera ajudarão a compreender o experimento de deflexão DART, para que a técnica possa ser repetida se um dia for necessário diante de uma ameaça real à Terra.
Exploração da Lua Europa, de Júpiter
Uma espaçonave chamada Europa Clipper, da NASA, foi lançada este ano com o objetivo de investigar o oceano subterrâneo da lua gelada de Júpiter para determinar se o corpo celeste é potencialmente habitável.
Assim como a sonda europeia Hera, a missão também decolou em outubro, com a espaçonave no topo de um foguete Falcon Heavy, da SpaceX, com previsão de alcançar o alvo em abril de 2030. Devido a preocupações com a radiação, a sonda vai orbitar o planeta, e não a lua Europa, de quem se aproximará esporadicamente, num total pretendido de cerca de 50 sobrevoos.
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