Torcidas organizadas apoiam aposentados contra Milei, e protesto escala para confronto

Mar 12, 2025 - 23:30
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Torcidas organizadas apoiam aposentados contra Milei, e protesto escala para confronto

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Um protesto que há pelo menos 30 anos ocorre às quartas-feiras no Congresso da Argentina ganhou novos participantes e mais repressão nesta quarta (12). Aos aposentados, os protagonistas dessas marchas, somaram-se as torcidas organizadas de futebol.

 

Já antes das 17h, horário marcado para o costumeiro ato, havia confronto entre manifestantes e policiais federais. Para dispersar o grupo em toda a região, agentes usaram tiros com balas de borracha, jatos de água que saiam de blindados e bombas de gás lacrimogêneo.

As marchas ficaram mais encorpadas desde que Javier Milei chegou à presidência, e a repressão a elas também escalou diante dos novos protocolos linha-dura de segurança pública do atual governo. Confrontos e violência não são mais incomuns.

Nesta quarta-feira o diferencial foi a participação de membros das torcidas organizadas, que fizeram convocação para o protesto ao lado dos aposentados. Torcidas de clubes como o River Plate, Chacarita, San Lorenzo, Racing e outros participaram da manifestação.

Já durante a manhã a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, mãe dos rígidos protocolos do governo para protestos, afirmou que impedirá de entrar nos estádios qualquer torcedor que tenha sido fichado por eventos de distúrbios públicos. Os arredores do Congresso foram cercados com grades pretas, e um amplo efetivo policial foi enviado.

Estudantes universitários e grupos tradicionais da esquerda argentina também participaram, entre eles o La Cámpora, agrupação da força política de Cristina Kirchner. Alguns manifestantes avançaram sobre os policiais e atiraram pedras contra eles. Também houve hostilidade contra profissionais da imprensa, cercados e hostilizados verbalmente.

A manifestação dos aposentados que desde a Presidência de Carlos Menem (1989-1999) ocorre na Argentina ganhou mais peso com Milei. Eles foram uma das fatias da sociedade local que mais perderam poder de compra com a chegada do novo governo.

O levantamento mais recente da consultoria CP, que monitora o tema, mostra que a aposentadoria mínima está no valor real mais baixo dos últimos 20 anos. A pensão diminuiu 0,3% em janeiro. Na comparação anual, foi a primeira melhora em 15 meses, mas também representa um montante 20% menor em comparação com o de 2020.

Neste mês, as aposentadorias, agora diretamente relacionadas à inflação, ficaram em 279 mil pesos (R$ 1.525). Junto a uma espécie de bônus de 70 mil pesos dado pelo governo, o valor chega a 349 mil pesos (R$ 1.900). Segundo a medição argentina, em janeiro (últimos dados disponíveis), um cidadão que ganha menos de 334,5 mil pesos (R$ 1.827) mensais está abaixo da linha da pobreza.

Assim, os aposentados agora pedem: a recomposição dos valores de suas aposentadorias, a cobertura de medicamentos e também que se retome a moratória previdenciária que chega ao fim neste mês por decisão de Milei. O plano permite que aqueles que não cumpriram 30 anos de contribuição com o Seguro Social ainda assim possam se aposentar e foi adotado pelo governo anterior em 2023.

Do lado de dentro do Congresso cercado pela tensão, os deputados tinham uma tarde de debates com potencial para afetar o governo Milei. A oposição conseguiu aprovar que comissões especiais da Casa avaliem uma possível investigação do governo pelo caso do criptogate, o escândalo que envolve a divulgação da criptomoeda $Libra, tida como protagonista de um possível processo de fraude, por Milei. Eles tentam que o presidente e sua irmã, Karina, chegam chamados para testemunhar no recinto. O tema pode ser votado na semana que vem.

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